Os dias de calor do verão criam uma atmosfera perfeita para passar mais tempo em atividades ao ar livre. Isso acaba aumentando a exposição da pele ao sol —o que, para gestantes, pode se tornar um problema. O melanócito, célula responsável por produzir a melanina (pigmento que dá cor à pele), é estimulado por três fatores: genético, hormônios ou pelo sol. Durante a gravidez, a pele da mulher se torna mais sensível à melanina por causa da revolução hormonal que o organismo está passando. Então, é normal e esperado que algumas partes do corpo se tornem mais escuras, como axilas, mamilos, virilha e região do umbigo.


O problema é que, no verão, esses melanócitos já sensibilizados pelos hormônios da gravidez acabam recebendo um incentivo extra para trabalhar: os raios solares. Isso acaba agravando as manchas e ainda tornando as gestantes mais suscetíveis a outro problema: o melasma.



O que é a doença?


 O melasma se caracteriza por manchas escuras na pele que surgem principalmente nas maçãs do rosto, testa, no nariz e no buço, mas também podem aparecer em outras partes como braços, mãos, pescoço e colo. As manchas geralmente são escuras e têm formato irregular, mas bem definido, e sempre aparecem no mesmo local. Ou seja, se a gestante já tinha a lesão antes de engravidar, é provável que a mancha surja novamente com mais força durante a gravidez.


Vale dizer também que qualquer um pode ter melasma, não só as gestantes. Mulheres que tomam pílula anticoncepcional, por exemplo, também estão mais propensas ao problema porque o remédio mexe com a regulação hormonal. Pessoas com a pele mais escura, que já possuem mais melanina, também estão no grupo de risco. E, diferente das manchas características da gestação, que costumam regredir após o nascimento do bebê, o melasma não some sozinho e precisa de tratamento especializado para desaparecer.



Dá para prevenir? 


É importante dizer que o melasma pode aparecer durante a gravidez sem que a mulher tenha ido à praia ou tomado muito sol, já que o novo balanço hormonal do período tende a provocar o problema. No entanto, a exposição ao sol é um componente que aumenta ainda mais o risco de desenvolver a doença ou de agravá-la, se ela já existir. Por isso, se quiser ir à praia ou se for praticar alguma atividade ao ar livre, é importante utilizar uma fotoproteção química (filtro solar) e uma mecânica (chapéu, roupas com filtro UV, sombrinha) para prevenir o problema. Esses cuidados devem ser intensificados e contínuos durante toda a gravidez —ou seja, a mulher deve passar o protetor solar todos os dias (até nos de chuva!).




Como tratar? 


Para evitar que as manchas piorem, além dos cuidados com a proteção solar, é possível utilizar cremes com ativos como ácido azelaico, ácido glicólico (em concentrações baixas), vitamina C pura e alguns derivados da soja para controlar a hiperpigmentação. No entanto, isso deve ser feito apenas com orientação médica, já que muitas substâncias adotadas para clarear a pele são prejudiciais ao desenvolvimento do bebê na gravidez.



É o caso de alguns cosméticos com vitamina C comercializados nas farmácias, que muitas vezes possuem substâncias como o retinol, contraindicado na gestação. Após o fim da amamentação, aí sim é possível utilizar clareadores mais potentes, como o ácido retinóico e a hidroquinona. Ainda dá para combinar o uso desses cremes em casa com procedimentos feitos no consultório dermatológico, como peelings, laser e microagulhamento.



Fontes: Caio Lamunier, dermatologista do Hospital das Clínicas de São Paulo; e Damaris Ortolan, dermatologista especialista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

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