A empresa curitibana eiON já anunciou que o buggy elétrico 100% nacional deve estar disponível aos interessados a partir do segundo semestre de 2020. Os primeiros modelos deverão custar R$ 99 mil. Mesmo o veículo batizado de Buggy Power ainda sendo um protótipo, ele já desperta a curiosidade das pessoas, principalmente por ter condições de ser carregado em casa, em uma tomada de 110 volts. Mas o que o que será que muda neste modelo elétrico para o tradicional movido à combustão? A reportagem foi até o barracão onde o buggy foi desenvolvido, no Boqueirão, para conferir quais vantagens o consumidor poderá encontrar caso resolva comprar um veículo desses.
Segundo o engenheiro de produção e sócio da eiON Leandro Pirajão, 45 anos, o Buggy Power não será novidade só por se tratar de um veículo elétrico. O protótipo será um veículo “inteligente” e interativo, capaz de se conectar com as necessidades dos proprietários. Pirajão explica que uma rede de hotéis, por exemplo, que adquirir buggys para passeios dos seus hóspedes, poderá programar roteiros, sugerir locais de compras e para fazer refeições por meio dos aplicativos do carro, em parceria com os comércios locais. “Ele estará habilitado para receber diversos recursos como esses. Até para aplicativos que ainda não foram desenvolvidos, mas que podem vir a ser por alguma nova demanda que surja com o carro já inserido no mercado. A empesa se preocupou em atender as exigências de um mundo em que a conectividade é fundamental”, disse o engenheiro.
Já na área mecânica, o Buggy Power pode ser comparado ao tamanho de um sedan. Ele conta com reforço nas suspensões traseira e dianteira – na parte onde a roda se liga ao chassi. Fortalecendo esse conjunto, o aro das rodas é de 16 polegadas, sendo a roda traseira mais elevada para manter o jeitão de buggy do veículo. O motor, que fica na parte traseira, é da Weg – maior fabricante de motores do mundo. A mesma empresa também fabrica o inversor, equipamento responsável pelo sentido da rotação (frente ou ré) e pela limitação de velocidade. “Trabalhamos com o limite de 140 km/hora”, explicou Pirajão.
Outro sócio da eiON, o engenheiro elétrico Helio Sugai, 68 anos, apontou que o conjunto do motor e do inversor do buggy elétrico substitui a peça chamada diferencial, que existe no buggy à combustão. “Naquele caso, não há como girar os eixos para fazer uma curva sem o diferencial. No buggy elétrico isso é programado”, disse. De acordo com Sugai, além de descomplicar a mecânica, a vantagem é que o motor do carro, em caso de quebra, pode ser substituído com facilidade. “Qualquer eletricista pode trocar. Fora que os motores da Weg estão disponíveis no mundo inteiro. Basta pedir a peça e fazer a manutenção”, destacou o engenheiro eletricista, ressaltando que o veículo não faz barulho como os de combustão.
Dentro do planejamento de design, os engenheiros da eiON explicam que as baterias do carro ficam debaixo do banco do passageiro. A autonomia do Buggy Power vai depender do pacote adquirido pelo cliente. O modelo básico – que custará R$ 99 mil – terá capacidade para percorrer 150 quilômetros. Os demais modelos devem chegar aos 350 quilômetros. “Ainda pensamos na possibilidade de um terceiro modelo, ultrapassando os 400 quilômetros de autonomia”, revelou um terceiro sócio da eiON, o engenheiro eletricista Ivan Nowicki, 44 anos.
O sistema de carregamento do veículo é um projeto exclusivo da empresa. É uma placa de circuito localizada na parte dianteira. “Nenhum outro carro elétrico do mundo tem esse sistema de carregamento”, contou Nowicki.
A bolha do buggy é de fibra de vidro. Ela é um monobloco que vai acoplado na carcaça. Se comparado com um carro comum, seria a lataria. As cores da bolha podem ser personalizadas de acordo com o gosto do cliente. “Vai depender das tintas automotivas disponíveis no mercado”, adiantou Ivan Nowicki.
A eiON destaca que o Buggy Power será um carro homologado, ou seja, que segue a legislação vigente, e poderá ser usado na cidade, estradas e em circuitos off road. Um primeiro nicho de mercado apontado pela eiON são as praias do Nordeste do Brasil. “Muitas empresas e redes de hotéis utilizam esse tipo de veículo para o turismo. Um destaque seria a possibilidade de passear pela natureza sem ouvir um barulho de motor, aproveitando cada sensação ao máximo. Pode ser um ótimo local para começar”, finaliza Leandro Pirajão.
Fonte:Tribuna do Paraná