A inflação oficial atingiu o menor patamar para março desde o início do Plano Real, em julho de 1994, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O indicador registrou taxa de 0,07%, frente a 0,75% no mesmo mês do ano anterior. O índice também perdeu ritmo em comparação a fevereiro deste ano (0,25%).
O grupo de transportes foi o principal responsável pela deflação em março, resultado puxado pela queda nos preços das passagens aéreas (-16,75%) e dos combustíveis (-1,88%).
O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, afirma que os preços das passagens aéreas já estavam em queda nos últimos meses e, por isso, ainda não é possível dizer se o recuo de março tem relação com a pandemia de coronavírus.
“A variação de março reflete uma coleta de preços que foi feita em janeiro para quem ia viajar de avião no mês de março, portanto, não podemos afirmar se há relação com a pandemia. Parece que foi pela demanda mesmo”, afirma.
A covid-19 foi considerada pandemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 11 de março deste ano.
Em contrapartida, o brasileiro passou a gastar mais para comer no mês. Os preços aceleraram de 0,11% em fevereiro para 1,13% em março, principalmente por conta da alimentação no domicílio (1,40%).
Kislanov afirma que "os números sugerem que as pessoas estão comprando mais para se alimentar em casa, o que indica que não estão saindo para comer". Os alimentos que pesaram mais no bolso do brasileiro em março foram cenoura, cebola, tomate, batata-inglesa e ovo.
Já a carne ficou mais barata pelo terceiro mês consecutivo. A inflação acumula alta de 0,53% de janeiro a março deste ano e de 3,3% nos últimos 12 meses.
Metodologia alterada
O IBGE faz a coleta de preços presencialmente, mas, devido à pandemia de coronavírus, o IPCA deste mês foi feito com base em pesquisas realizadas em sites de internet, por telefone ou por e-mail. Esta foi a primeira divulgação realizada desta forma.
Kislanov afirma que a suspensão da coleta presencial reduziu a quantidade de preços coletados, mas isso não gerou problemas para a análise.
“Conseguimos contornar as dificuldades com a coleta remota. Em alguns casos, a resposta foi muito positiva, como nos postos de combustíveis, em que boa parte dos preços foram coletados por telefone. Assim como outros institutos de estatísticas do mundo, estamos buscando maneiras de evitar uma redução drástica da nossa amostra”.
Fonte:Giuliana Saringer, do R7