A nuvem de gafanhotos se afastou um pouco do Brasil nos últimos dias, e dois eventos ajudaram a conter o avanço dos insetos: a chegada do frio ao Sul do país e também o ciclone bomba que atingiu a região.


Para Marco Antonio do Santos, meteorologista da Rural Clima, as duas situações criaram um bloqueio para a entrada da nuvem de gafanhotos no país, especialmente no Rio Grande do Sul, onde existia mais chance da chegada dos insetos.


“Eu acredito que sim, que ajudou. Os dois fatores conjuntos inibiram a entrada da nuvem no Brasil”, afirma.

“Nós tivemos duas ondas de chuva no Rio Grande do Sul, uma no sábado, que foi pouca e depois tivemos o ciclone, com chuvas severas e a chegada do frio. Hoje, diante das atuais condições climáticas, não acredito que a nuvem chegue ao Brasil.”


O pesquisador Kleber Trabaquini, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e que fez simulações da movimentação dos insetos na semana passada, afirma que o frio foi o fator determinante para conter o avanço da nuvem, mais do que o próprio ciclone.


“O que está mais freando o deslocamento é a baixa temperatura na região. O inseto tem uma temperatura ideal de desenvolvimento entre 25 e 30°C, que foi quando a nuvem se deslocou em torno de 100 km por dia”, explica.


“Nossa grande sorte é que a chegada do inverno diminui as temperaturas. Tivemos dias na Argentina com temperaturas máximas de 10ºC e um pouco de chuva, o que desfavorece o voo deles”, acrescenta Trabaquini.

Controle facilitado

No boletim divulgado na noite de quarta-feira (1) o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade de Alimentos Agroalimentares da Argentina (Senasa) informou que a nuvem foi encontrada na cidade de Paraje El Descanso, ainda dentro da província de Corrientes.


Os técnicos argentinos chegaram a preparar a aplicação de inseticidas por aviões, mas as condições do clima não eram favoráveis e o controle da nuvem ficou para a manhã desta quinta-feira (2).


Para Kleber Trabaquini, o frio também está contribuindo para a diminuição da nuvem de gafanhotos por dois motivos: o primeiro é porque o deslocamento dos insetos é menor em baixas temperaturas.


“A chuva com baixa temperatura faz com que eles tenham baixa atividade de voo, isso ajuda os técnicos do Senasa a localizarem os gafanhotos e fazer aplicações”, diz.

O segundo motivo é que os gafanhotos não costumam resistir muito ao frio, o que leva também à morte natural deles.


Marco Antonio, da Rural Clima, acredita que, como o deslocamento dos insetos está seguindo para dentro da Argentina, se afastando do Brasil, a chance de chegada é muito pequena.


Até domingo (5) , a previsão é que o Rio Grande do Sul tenha frio e chuva, permanecendo um “bloqueio natural” para a entrada da nuvem de gafanhotos.


“Se não tivesse feito chuva e frio, tinha muitas chances de chegar. Agora, temos condições desfavoráveis para o avanço. Como a nuvem entrou mais para o interior da Argentina, acho difícil que voltem (para a região de fronteira).”



Fonte:Rikardy Tooge, G1

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