Após anos e anos em busca do sonho de contribuir para viagens interestelares, o professor de física Jim Woodward, da California State University, Fullerton, teve uma ideia que pode permitir que ciência explore além do sistema solar. Utilizando pequenos cristais e energia elétrica, o homem diz ter criado um propulsor que permitiria a aproximação à velocidade da luz.
A invenção, apelidada de Mega (sigla para Mach-effect gravitational assist), poderia chegar próxima à velocidade de 299.792.458 metros por segundo utilizando pequenos cristais que vibram dezenas de milhares de vezes por segundo quando uma corrente é aplicada.
Contudo, chegar à velocidade da luz não seria tão rápido. Isso porque o propulsor criado por Woodward foi projetado para acelerar lentamente por um longo período. Em entrevista à revista Wired, Woodward explicou que uma espaçonave equipada com o propulsor necessitaria de um reator nuclear a bordo para fornecer décadas de energia elétrica.
O trabalho de Woodward em sua unidade Mega está em andamento há mais de trinta anos. Ele até recebeu financiamento por meio do programa Innovative Advanced Concepts da Nasa em 2017. Atualmente, uma espaçonave só pode acelerar enquanto tiver combustível para queimar ou com a ajuda gravitacional após uma volta em torno da órbita de um planeta.
Como funciona?
A invenção de Woodward se baseia no princípio de Mach, que afirma que a inércia está relacionada a efeitos gravitacionais distantes. Segundo o princípio, conforme a energia de um objeto muda, a própria questão do espaço e do tempo também mudam em torno dele.
Em outras palavras, se parte de um objeto, como os pequenos cristais que vibram dezenas de milhares de vezes do Mega, muda simultaneamente seu estado de massa e energia, ele poderia começar a acelerar. A maior curiosidade do equipamento é que ele cumpriria a promessa extraordinária de se aproximar à velocidade da luz sem a necessidade de um sistema de propulsão, ou seja, nenhum material de combustão seria utilizado.
A espaçonave equipada com o Mega não iria acelerar rapidamente, mas poderia fazê-lo por um longo tempo, ganhando velocidade gradualmente até que estivesse abrindo caminho pela galáxia. Um reator nuclear a bordo poderia fornecer energia elétrica por décadas, tempo suficiente para que uma série de unidades Mega alcançasse velocidades próximas à da luz.
Já em testes
Com o dinheiro que recebe da Nasa, Woodward e seus colaboradores já projetaram uma espaçonave conceitual para realizar testes, sendo que o resultado mais recente produziu um impulso bem superior aos protótipos anteriores, segundo o cientista.
"Fiquei chocado com o enorme aumento da força medida", afirmou Hal Fearn, colaborador do projeto e também físico da California State University, Fullerton.
Polêmica
Nem todos acreditam no projeto criado por Woodward. De acordo com a Wired, muitos físicos teóricos dizem ser impossível um propulsor sem combustão.
"Eu diria que existe uma chance entre um em 10 e um em 10 milhões de que seja real, e que provavelmente ela esteja no extremo superior desse espectro", disse à Wired Mike McDonald, engenheiro aeroespacial do Laboratório de Pesquisa Naval em Maryland.
Contudo, o mesmo McDonald disse que "seria incrível" se a ideia desse certo. "É por isso que fazemos trabalhos de alto risco e alta recompensa. É por isso que fazemos ciência", disse.
Fonte:Tilt