Do quintal de casa no interior de São Paulo, o astrônomo amador Leonardo Scanferla Amaral, 35 anos, descobriu um cometa a mais de 800 milhões de quilômetros da Terra. O observatório dele fica em Bilac (SP).


A descoberta foi feita no dia 23 de julho e foi confirmada pela União Astronômica Internacional em uma circular do Minor Planet Center (MPC), divulgada em agosto.


“É muito prazeroso para o astrônomo, tanto profissional quanto amador, descobrir um cometa. No começo é euforia e depois fica um tempo angustiante até confirmar com as autoridades que é realmente um cometa. Mas é um sonho, o que todo mundo quer”, afirma Leonardo, em entrevista ao G1.

Leonardo Amaral trabalha como analista de sistemas e mora há 10 anos no Rio de Janeiro – onde consegue acessar remotamente a estação que tem no interior de São Paulo. Mas no dia 23 foi para Bilac passar as férias onde sua família tem um sítio.


Foi observando o céu em sua estação que ele percebeu um ponto se deslocando entre as estrelas.


Leonardo então fez uma sequência de fotos, dando certo tempo entre uma foto e outra. Isso é necessário para se registrar o cometa porque, se existir nessas imagens algum objeto se movendo, é feita uma consulta a uma base de dados da MPC para ver se não se trata de nenhum objeto conhecido.


Caso o objeto não seja identificado por nenhum outro astrônomo, o objeto é reportado para o Minor Planet Center – órgão mundial que regulamenta as descobertas.


Se o objeto for nítido e pontual, ele é reportado como asteroide. Se ele for registrado difuso, pode indicar a presença de uma coma (nuvem de poeira e gás), o que caracteriza o objeto como um cometa.


“Ele é um cometa de longo período que passa a cada dezenas de milhares de anos. No começo é mais na intuição, depois vem os estudos para confirmar e tem de reportar se é um cometa ou não. E para dar o nome tem de reportar que é um cometa. Da primeira vez que vi e até o MPC confirmar demorou uma semana”, diz.


Depois de uma série de reportes de observação, o Minor Planet Center confirmou a descoberta de Amaral, nomeando oficialmente o cometa como C/2020 O2 (Amaral).



Paixão pelo espaço

Apaixonado pelo universo, Leonardo Amaral participa desde 2018 de uma equipe global para buscas por cometas e asteroides próximos à Terra.


O trabalho é coordenado pelo Minor Planet Center, que centraliza e organiza as informações sobre esses pequenos corpos do Sistema Solar.


Ao longo do tempo e como a paixão pelo espaço foi aumentando, Amaral modernizou os equipamentos da estação construída no quintal de sua casa no sítio em Bilac. Atualmente ele é um dos poucos na América do Sul que faz esse tipo de observação.


“Paixão sempre tive, sempre desde criança gostei de astronomia, em 2014 comprei um telescópio e comecei a praticar. Em 2016 construí o observatório e 2018 comecei a operar e buscar o céu. No sul celeste, que é o que a gente observa no hemisfério sul, não tem observatórios profissionais buscando, só tem dois amadores: eu e um pessoal em Minas Gerais”, afirma.


De acordo com a Bramon, uma rede de brasileiros que observam meteoros, a distância em que o cometa está da Terra dificulta a clara percepção pelos telescópios de menor porte. O fato de ele passar por uma área ao Sul no céu, se torna inacessível para os grandes telescópios do Hemisfério Norte.

Fonte:Por G1 Rio Preto e Araçatuba

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