O fundador da Duty Free, Charles “Chuck” Feeney, de 89 anos, realizou um sonho inusitado há três dias: doar toda a sua fortuna enquanto vivo.
No dia 14, o agora ex-bilionário juntamente de sua esposa assinaram os documentos para encerrar a empresa de filantropia “Atlantic Philantropies“, onde ambos realizavam suas doações. A cerimônia aconteceu via Zoom e incluiu mensagens de vídeo de Bill Gates e do ex-governador da Califórnia, Jerry Brown.
Segundo a Forbes, Feeney doou ao menos 8 bilhões de dólares para fundações, fundos de caridade e universidades nas últimas quatro décadas.
Com a missão de vida, o ex-bilionário chegou a empregar só na empresa de filantropia mais de 300 funcionários nos dez escritórios globais em sete países direcionados a destinar toda a sua fortuna em causas sociais.
Inspiração para o cofundador da Microsoft, Bill Gates, e para o megainvestidor Warren Buffett, o filantropo é constantemente citado por ambos como um exemplo para seus projetos de filantropia. Durante uma campanha para convencer os mais ricos do mundo a doarem metade de suas fortunas, Buffett disse:
“Eu levaria 12 anos após minha morte para fazer o que ele está fazendo em vida. Feeney é um modelo a ser seguido”.
Pioneiro da ação “Giving While Living”, seu foco era gastar a maior parte de sua fortuna em grandes apostas de caridade em vez de financiar uma fundação após a morte. Movido pelo lema de “você não vai levar nada daqui”, a filosofia de Feeney é de abrir mão dos bens e controlar e conferir o resultado das doações enquanto vivo.
"É bem mais divertido dar enquanto você vive do que dar depois de morto"
Contrário aos hábitos tradicionais dos bilionários, o fundador da famosa rede Duty doou ao menos 375.000% mais dinheiro do que seu patrimônio líquido atual, já que em 2012 estimou ter uma reserva de dois milhões de dólares para sua aposentadoria e de sua esposa, revelou a Forbes.
Dono de um perfil discreto, Feeney vive hoje com sua esposa em um modesto apartamento em São Francisco, na Califórnia (EUA).
Dos 8 bilhões de dólares doados, 3,7 bi foram destinados para a educação, incluindo quase 1 bi para sua alma mater Cornell. Mais de 870 milhões foram para direitos humanos e mudança social, 62 milhões para abolir a pena de morte nos EUA e 76 milhões para campanhas populares de apoio à aprovação do Obamacare. Feeney também doou mais de 700 milhões à saúde, sendo 270 milhões para melhorar a situação do serviço público no Vietnã e 176 milhões para o Global Brain Health Institute, da Universidade da Califórnia, em São Francisco.
Seus últimos 350 milhões destinados à doação foram para a construção de um campus de tecnologia na Ilha Roosevelt, em Nova York.
Fonte:Exame