Francisco do Anhanguera Kozlowski, ou simplesmente Chicão, de 60 anos, se orgulha de ser o primeiro radialista do Brasil a tocar a música "É o Amor", que fez a carreira de Zezé Di Camargo e Luciano decolar, há quase três décadas. A fita contendo a canção foi entregue a ele pelo pai da dupla, Francisco Camargo, conhecido como Seu Francisco, que morreu na segunda-feira (23), após ficar 14 dias internado em um hospital de Goiânia.
A morte abalou Chicão. Ele esteve no velório e enterro de Francisco, realizado na terça-feira (24), em um cemitério da capital, e chorou, algo que ele achou que "não ia mais fazer na vida". Também relata que ganhou um abraço apertado de Zezé.
O radialista teceu diversos elogios ao patriarca da família Camargo. Disse que Zezé e Luciano têm todos os méritos pelo que conquistaram, mas acredita que a carreira não existiria se não fosse o empenho de Seu Francisco.
"Ele que batalhou, correu atrás, foi atrás. Não tiro o mérito do Zezé e do Luciano, mas Seu Francisco foi a peça fundamental", afirma.
O profissional da comunicação afirma que atualmente tinha mais contato com Emanuel Camargo, outro filho de Francisco. Ele contou que planejava reencontrar o amigo, mas que não houve tempo hábil.
"Eu queria visitá-lo. Eu falava: 'Emanuel, preciso ver seu pai'. Mas eu estava com gripado, com a imunidade baixa. Fui adiando, adiando e acabei não o vendo", lamenta.
Pedido de ajuda
Chicão conta que conheceu Zezé em 1991, durante um show dele em Bela Vista de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia. Na ocasião, recebeu do artista, que estava com a carreira estagnada e ainda cantando sozinho, um pedido de ajuda.
"Depois do show, encontrei com ele em um pit dog da cidade. Ele me disse que estava lançando a dupla com o irmão e me pediu para dar uma força na rádio. Eu pedi para ele me mandar uma fita com a música. Foi quando entrou o Seu Francisco [na história]", se recorda.
Alguns meses depois, Seu Francisco foi até a rádio para deixar a fita. A cena é retratada no filme "2 Filhos de Francisco", lançado em 2005 e que conta a história do patriarca da família Camargo para tornar os filhos famosos na música.
Pedidos para tocar música
O filme mostra ainda que, após deixar a fita, Seu Francisco teve a ideia de comprar fichas de telefones públicos e dar a amigos da construção civil para que ligassem na rádio pedindo a exibição da canção. O que pouca gente sabe é que foi Chicão quem sugeriu a ele que desse o "empurrãozinho" para a música ser conhecida.
"Eu comecei a tocar, mas como o pessoal estava pedindo pouco, eu pedi ao Seu Francisco para dar um jeito: 'Pede aos parentes, aos amigos para tocar'. Aí entrou a história da ficha telefônica", relata.
Chicão tem mais de 40 anos de experiência em rádio, mas está afastado da atividade há 13 deles, após ter sofrido um AVC. Modesto, ele fala sobre o fato de ter papel importante na carreira da dupla.
"É bom saber que a gente fez parte da história", afirma o radialista.
FONTE: G1