A pandemia de coronavírus transformou o mundo como conhecemos. Depois dos primeiros casos de uma pneumonia misteriosa que acometia pessoas na cidade de Wuhan, na China, o vírus se espalhou para quase todos os pontos do planeta e trancou bilhões em casa. Porém, quase um ano depois do primeiro caso, ainda não se sabe exatamente onde e como o vírus surgiu.


Apesar de o mercado de Wuhan ser apontado comumente como o epicentro de toda a pandemia — se vendem animais silvestres vivos e mortos no local, e essa proximidade pode facilitar a contaminação, e de lá saíram os primeiros casos identificados da doença –, ainda não há consenso científico de que o coronavírus surgiu, de fato, na China.


De acordo com o um estudo feito pelo Instituto Xangai de Ciências Biológicas disponibilizado na plataforma de pesquisas em pré-print da revista The Lancet, o vírus pode ter surgido na Índia ou em Bangladesh. O artigo ainda precisa ser analisado pela comunidade científica antes de ser oficialmente publicado.


Os cientistas analisaram o código genético de várias cepas do vírus e suas mutações. “As cepas com menos mutações devem ser a raiz filogenética para todos os Sars-CoV-2”, teorizam os autores no artigo. De acordo com eles, os coronavírus que passaram por menos mutações estariam mais próximos do vírus original. Os dados foram cruzados com vírus sequenciados em vários países.


Segundo os pesquisadores, o vírus encontrado em Wuhan não é a variante com menos mutações — há 41 outros que não passaram por tantas mudanças. Pela análise do time chinês, os primeiros casos em humanos devem ter acontecido em julho ou agosto de 2019.


“As informações geográficas das cepas com menos mutação e a diversidade delas sugerem que o subcontinente indiano pode ter sido o local onde o primeiro contágio humano-humano ocorreu”, escrevem os cientistas.


Porém, Mukesh Thakur, virologista do governo indiano, afirma, ao jornal South China Morning Post, que os resultados estão “mal interpretados”.


Ao jornal The Sun, o professor de genética Marc Suchard, da Universidade da California Los Angeles (UCLA), diz que as cepas analisadas são uma “coleção arbitrária” e é pouco provável que o primeiro vírus esteja entre os analisados. “É um método muito promissor, mas vem com uma incerteza considerável”, explica.


OMS investiga


A Organização Mundial da Saúde (OMS) pretende investigar a origem do coronavírus e afirma estar trabalhando com o governo chinês para realizar uma pesquisa em Wuhan. A ideia é partir de onde foram identificados os primeiros casos e seguir as evidências para onde elas apontarem.


“Não temos nenhuma prova de onde começou o vírus. Devemos começar a pesquisar onde surgiram os primeiros casos documentados em humanos. Esse tipo de especulação não nos parece a melhor opção, vamos continuar examinando as evidências”, afirmou o diretor de emergências da entidade Michael Ryan, em entrevista coletiva nesta sexta (27/11).


Os diretores afirmam ainda que “todos os sinais” estão sendo investigados, inclusive os fragmentos de vírus encontrados no sistema de esgoto de cidades da Europa. “Vamos seguir a ciência, para onde quer que ela nos leve”, diz a infectologista Maria Van Kerkhove, responsável da OMS pelo enfrentamento da pandemia.


Fonte: Metrópoles

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