Os governos da Dinamarca, Noruega e Itália anunciaram hoje a suspensão do uso da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a covid-19. Segundo o governo dinamarquês, primeiro a tomar a decisão, a medida é preventiva para que se avalia a relação com a formação de coágulos sanguíneos nos vacinados. A suspensão vai durar duas semanas. Assim, a lista de países que suspenderam a vacinação com o imunizante chega a oito.
Segundo a Agência Nacional de Saúde da Dinamarca, a suspensão se dá, "depois dos informes de casos graves de formação de coágulos de sangue em pessoas que foram vacinadas com a vacina contra covid-19 da AstraZeneca", anunciou a Agência Nacional de Saúde, acrescentando que, "por enquanto, não se pode concluir que tenha uma relação entre a vacina e os coágulos de sangue".
A vacina é uma das aprovadas para uso emergencial no Brasil, ao lado da CoronaVac, e até o momento não apresentou nenhum problema nas aplicações. As autoridades sanitárias norueguesas anunciaram a suspensão "cautelar" seguindo os passos da Dinamarca. "Na Noruega, estamos dando uma pausa na vacinação com a AstraZeneca. Estamos à espera de informações, para ver se há uma relação entre a vacinação e este caso de coágulos", disse um alto funcionário do Instituto Nacional de Saúde Pública, Geir Bukholm, em entrevista coletiva.
A Agência Italiana de Medicamentos (Aifa) anunciou a suspensão do uso de um lote de vacinas (identificado como ABV2856) que já havia apresentado problemas na Áustria, em função da morte de uma enfermeira vacinada de 49 anos por "graves problemas de coagulação sanguínea".
No entanto, a agência faz a ressalva de que, até o momento, "não foi estabelecido qualquer nexo de casualidade entre a administração da vacina e tais eventos". "A Aifa está efetuando todas as checagens do caso, adquirindo documentações clínicas em estreita colaboração com as autoridades competentes", acrescenta. O Instituto Superior da Saúde (ISS), órgão técnico-científico do governo italiano, vai analisar amostras do lote em questão.
A AstraZeneca já é alvo de críticas na União Europeia por causa dos atrasos nas entregas de vacinas, porém tanto a empresa quanto a agência de medicamentos da UE asseguraram sobre a segurança do imunizante.
Áustria foi o primeiro país a suspender lote
Na segunda-feira (8), a Áustria informou que parou de administrar um lote de imunizantes produzidos pelo laboratório anglo-sueco devido à morte de duas pessoas que tomaram a vacina: uma enfermeira que morreu de múltiplas tromboses 10 dias após a vacinação e o de uma pessoa internada com embolia pulmonar também depois de ter sido imunizada.
Outros quatro países europeus - Estônia, Lituânia, Letônia e Luxemburgo - suspenderam imediatamente a vacinação com doses desse lote, que foi entregue a 17 países e incluía um milhão de vacinas. Ontem (10), uma investigação preliminar da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) destacou que não havia relação entre a vacina da AstraZeneca e a morte na Áustria.
Segundo o órgão, o lote ABV2856 foi distribuído para 17 Estados-membros e contempla 1 milhão de doses. Até 9 de março, 22 casos de trombose foram notificados em um universo de mais de três milhões de pessoas vacinadas no Espaço Econômico Europeu, de acordo com a EMA.
Reino Unido e laboratório defendem vacina
Após as suspensões para avaliação dos casos, o governo britânico defendeu a vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e pela Universidade de Oxford classificando-a como "segura" e "eficaz" e afirmando que continuará sendo usada no Reino Unido.
"Deixamos claro que (a vacina) é segura e eficaz", disse à imprensa um porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson. "Quando se pede às pessoas para se apresentarem para recebê-la, devem fazer isso com confiança", acrescentou. "E de fato estamos começando a ver os resultados do programa de vacinação em relação ao número (menor) de casos que estamos vendo em todo o país, o número de mortes, o número de hospitalizações", destacou.
Um porta-voz da AstraZeneca afirmou que "a segurança da vacina foi estudada amplamente nos ensaios clínicos de fase III e os dados revisados por especialistas confirmam que a vacina foi geralmente bem tolerada".
*Com informações de Reuters, Ansa e AFP