“O rádio é o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir a escola”


Em 1937, durante a pandemia de poliomielite, alunos de Chicago continuaram seus estudos de casa por meio de aulas remotas pelo rádio. As escolas foram fechadas e professores passaram a dar aulas pelo rádio, mostrando, assim, como a tecnologia poderia ser usada em tempos de crise.


Agora, em 2021, famílias e escolas estão vivendo novamente um ano letivo desafiador e professores de Belo Horizonte (MG) criaram a rádio-escola para também levar conhecimento aos alunos durante a pandemia de Covid-19.


Entre os meios de comunicação de massa, o rádio é, sem dúvida, o mais popular e o de maior alcance público. Isso não só no Brasil, como também em todo o mundo, já afirmava Ortriwano em seu livro datado de 1985.


“O rádio é o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir a escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador das novas esperanças; o consolador do enfermo”, escreveu Reynaldo C. Tavares no livro Histórias que o Rádio Não Contou, publicado em 1999.


Por causa do isolamento social, os alunos estão passando por uma experiência diferente de aprendizagem, as aulas são transmitidas pelo carro de som na rua. Para os estudantes da rede pública de ensino da capital mineira, os ensinamentos agora chegam pelas ondas do rádio.


Por isso a importância de transformar o programa radiofônico em instrumento de ensino é importante, seja por meio da da mídia de rádio ou não.


“Ao mesmo tempo que atinge milhares de pessoas, o rádio é voltado para o indivíduo em particular”

Desde o seu surgimento em 1922, o meio radiofônico se demonstrou companheiro dos ouvintes e, em livro de 2009, Barbosa Filho reforça isso ao citar que o rádio proporciona uma aproximação e uma intimidade única, fazendo assim ser um veículo único e companheiro que pode ser ouvido de casa, do carro, do escritório e até mesmo pelo celular.


“Ao mesmo tempo que atinge milhares de pessoas, o rádio é voltado para o indivíduo em particular. As palavras, a forma de falar, são pensadas para o ouvinte com suas particularidades e expectativas”, analisa Barbosa Filho em sua obra.


Atualmente, a rádio-escola é veiculada duas vezes por semana nos auto-falantes da própria escola, além da passagem semanal do carro de som nas ruas do bairro. O conteúdo também fica disponível no canal que o colégio tem no YouTube.


De acordo com Ortriwano, o rádio tem sido apontado, desde o seu surgimento, como o meio de comunicação de massa mais popular e o de maior alcance de público. “Imediatismo e instantaneidade fizeram com que o rádio ganhasse espaço rapidamente frente aos meios impressos e sobrevivesse à concorrência surgida com o aparecimento da televisão”, observou em 1987.


“Há mais de um século faz história e estabelece vínculos mediadores com as pessoas em diferentes localidades, com suas diferentes culturas e práticas”

O rádio é um dos mais interativos, permitindo que o público participe e se identifique. O rádio também nos oferece serviços variados no campo da informação e do conhecimento como conta Ortriwano há mais de um século.


“Há mais de um século faz história e estabelece vínculos mediadores com as pessoas em diferentes localidades, com suas diferentes culturas e práticas.(…) O rádio acelera a disseminação das informações em curto espaço de tempo, subsidiando a sociedade, os grupos e indivíduos em dada formação cultural”, afirma o escritor em trecho do livro.


Devido à pandemia de Covid-19 no Brasil e no mundo, a comunicação a distância tornou-se uma necessidade, comunicando-se de pontos distantes e diferentes e com certa instantaneidade. Para isso, o rádio mostrou ter essa vantagem de poder falar para milhões de pessoas, pois possui o caráter do imediato. E logo o resultado é ver o poder que esse meio chamado rádio tem.


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Por Priscila Mendes. Jornalista, especialista em Rádio, TV e web.


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