Com a persistente falta de semicondutores, a alta nos preços dos carros novos, seminovos e usados no Brasil, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) 2022 ficará mais caro em breve. A taxa subirá porque o tributo é calculado com base nos preços de veículos praticados pelo varejo e medidos pela tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Embora a Secretaria da Fazenda (Sefaz) ainda não tenha divulgado a alta em número, porque os estudos saem apenas em novembro, as alíquotas fixas subirão com o aumento do valor de mercado. Os proprietários de carros movidos à gasolina ou flexíveis, por exemplo, pagam 4% do valor de mercado em São Paulo. Já quem tem carro a álcool, elétrico ou a gás comprados antes de 15 de janeiro de 2021, paga 3% – a partir dessa data, a taxa também corresponde a 4%. Por causa disso, o governo também não consegue prever quanto vai arrecadar com o IPVA no ano que vem.
A Sefaz informou ao Jornal do Carro que ainda não possui os valores venais dos veículos que servirão de base de cálculo para o lançamento do IPVA 2022. “A tabela (de valores venais) deverá ser finalizada em novembro e publicada em dezembro de 2021”, diz a nota oficial. Ou seja, o calendário e as estimativas de arrecadação do imposto estão em elaboração.
Encarecimento do carro
Para o consultor automotivo Paulo Garbossa, “o consumidor vai pagar mais porque, hoje, o carro dele vale mais que no passado”. “A gente está acostumado com a desvalorização de, ao menos, 15% do valor do carro assim que cruzamos a porta da concessionária. Contudo, recentemente, o patrimônio valorizou”, avaliou Garbossa.
O mercado está seguindo, mais que nunca, a lei da oferta e da procura, conta Garbossa. Nesse sentido, “se antes os estoques das fabricantes eram para 45 dias, hoje, esse número caiu para 10 (dias)”, exemplifica. Ainda assim, ele afirma que é hora de esperar, afinal, não é possível precisar o tamanho dessa alta no mercado. “Só uma coisa é certa, não vai baixar! Isso não existe na indústria (automobilística). Pode haver promoções, mas queda de preços, impossível”, diz.
Os preços dos carros novos dispararam no Brasil desde o início da pandemia e, para completar, a falta de semicondutores forçou várias montadoras a pararem a produção de veículos. Consequentemente, os valores de modelos 0-km nas alturas, somada à falta de tantos outros a pronta-entrega, fez aumentar a procura por usados e seminovos que, por sua vez, também subiram. E, nesse sentido, já refletem na média da tabela da Fipe.
As altas nos preços dos 0-km causaram uma reviravolta no mercado. Tem até seminovo mais caro que novo. Recentemente, o Jornal do Carro fez um levantamento exclusivo com base na Tabela Fipe que mostra o quanto alguns dos modelos mais vendidos encareceram desde o começo do ano.
É o caso do Jeep Compass, que registrou alta de até R$ 20 mil entre janeiro e julho deste ano. E isso, evidentemente, deve encarecer o IPVA do modelo em 2022. Outro exemplo é o Renault Kwid, que tem unidades no mercado de seminovos por até R$ 1.000 a mais que os R$ 46.390 pedidos pela marca na versão de entrada do 0-km. No cenário da General Motors, os modelos Onix e Onix Plus começaram a faltar. Por isso, a dupla sequer entrou no ranking dos dez mais vendidos. E algumas unidades seminovas estão à venda com preço de 0-km.
A disparada do dólar norte-americano consiste noutro ingrediente culpado por salgar o tempero do IPVA 2022. Afinal, muitas peças e carros vendidos no Brasil vêm de fora. Isso, em síntese, encarece bens e serviços, e acaba por influenciar a alta de preços dos veículos.
Fonte: Yahoo Finanças