O anúncio da prefeitura do Rio de que vai se candidatar para receber o Mundial de Clubes programado para dezembro alimentou o debate sobre quais times brasileiros poderiam jogar a competição. Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras estão nas semifinais da Libertadores e, normalmente, o campeão nacional do país-sede também participa. Poderemos ver dois brasileiros se a Fifa decidir dar ao Rio o torneio? Não.
O item 2 do artigo 4 do regulamento do Mundial é claro: dois times da mesma associação nacional não podem participar do campeonato. Se a regra não mudar para a edição 2021, e não deve mudar, caso o vencedor continental seja do país-sede, se classifica para o Mundial o melhor colocado no campeonato continental que, claro, também não seja da federação anfitriã.
Os cenários seriam esses, imaginando que o Mundial possa ser no Brasil: 1) Se Atlético-MG, Flamengo ou Palmeiras ganharem a Libertadores, automaticamente estão no Mundial, onde quer que ele seja disputado. Se for no Brasil terão a companhia sul-americana do Barcelona de Guayaquil (EQU), que seria o melhor classificado no torneio a não ser brasileiro.
2) O Barcelona ganha a Libertadores e se qualifica como representante da América do Sul no Mundial. Com o torneio no Brasil, o país teria direito a indicar um representante por ser a sede, o seu campeão nacional. A Série A está prevista para acabar no dia 5 de dezembro e o Mundial está marcado de 9 a 19 de dezembro.
Ou seja, dá tempo de o campeão de 2021 jogar o Mundial — e a CBF, por enquanto, não tem planos de adiar o fim do Brasileiro para depois de 5 de dezembro, mesmo com alguns times com jogos atrasados. O calendário de 2022 será apertado já que terá que terminar no início de novembro, por causa da Copa do Mundo do Qatar — torneio que será no fim do ano para minimizar o calor do Oriente Médio. Portanto, não esperem ver o Brasileirão estendido.
Na noite de quinta-feira viralizou nas redes sociais a possibilidade de o Inter jogar o Mundial de 2021 como vice-campeão brasileiro de 2020, caso o Flamengo vença a Libertadores e o Brasileirão não acabe até o Mundial ocorrer. Desculpe, torcedor Colorado, mas essa possibilidade não existe.
Como a coluna mostrou ontem, há barreiras para que o Rio receba o Mundial. A Fifa não gostou do cancelamento de Brasil x Argentina pelas Eliminatórias, há quase duas semanas, e culpou um combo de falhas da Conmebol, da AFA e também da CBF, que era a anfitriã e devia zelar pelos protocolos. Há dúvidas sobre a pandemia, que apesar de estar com números decrescentes de mortes e casos ainda impõe algumas restrições no país, como proibição da entrada de viajantes do Reino Unido — e o inglês Chelsea, campeão europeu, é um dos participantes já confirmados do Mundial.
O calendário também não ajuda: a CBF marcou para 8 e 12 de dezembro as finais da Copa do Brasil, já durante as férias dos jogadores. A Fifa pede ao país-sede que durante o Mundial não tenha concorrência de torneios de elite, no que a Copa do Brasil se encaixa. Há também a possibilidade de Flamengo ou Atlético-MG estarem classificados para o Mundial e também para as finais da Copa do Brasil, o que só deixa o cenário mais nebuloso.
O Japão desistiu de ser sede do Mundial porque não poderia colocar torcedores nos estádios, por causa da pandemia, e a federação local teria prejuízo. Além do Brasil, o Egito e a África do Sul demonstraram interesse em receber a competição. A Fifa tinha predileção pelo Qatar, sede das duas últimas edições, mas em dezembro o país estará recebendo a Copa Árabe e não há como organizar os dois torneios no mesmo período. A Fifa até poderia adiar o Mundial para fevereiro de 2022, como fez com a edição 2020 que foi em 2021, mas não é o ideal porque só bagunçaria mais o calendário.
Fonte: Uol