Uma mulher apelidada de ‘paciente de Nova York’ por cientistas do Centro Médico New York-Presbyterian Weill Cornell derrotou o vírus depois de receber um tratamento raro com células-tronco.


Ela é a quarta pessoa a ser curada do HIV – os três anteriores são todos homens – e especialistas descobriram dois casos de mulheres que de alguma forma venceram o vírus, só que naturalmente.


A mulher também era uma paciente com câncer e recebeu um tratamento destinado a combater as duas doenças ao mesmo tempo. Para realizá-lo, os médicos precisaram inicialmente encontrar um doador que tivesse uma mutação rara que os tornasse resistentes ao vírus, como é o caso da Paciente de Nova York.


Especialistas disseram à emissora NBC que as pessoas que têm essa mutação geralmente são do norte da Europa e, mesmo assim, apenas 1% dessa população a possui.


Os médicos então realizaram um “transplante de cordão haploidêntico” que usa sangue do cordão umbilical e medula óssea de um doador.


O sangue do cordão umbilical ajuda a combater cânceres baseados no sangue – como a leucemia da qual a mulher sofria, enquanto a medula óssea fornece células-tronco ao corpo.


Como o sangue do cordão umbilical geralmente não é tão eficaz para adultos quanto para crianças, o transplante de células-tronco pode ajudar a aumentar sua eficácia.


“O papel das células adultas do doador é acelerar o processo de enxerto precoce e tornar o transplante mais fácil e seguro”, disse Koen van Besien, um dos principais médicos que avaliaram a paciente de Nova York.


Como esse tratamento com células-tronco muitas vezes pode resultar em morte para o paciente, os especialistas não o usarão em uma pessoa de saúde estável que pode controlar seu HIV através de métodos normais, como o coquetel de medicamentos disponibilizado gratuitamente pelo SUS.


Em vez disso, eles concentram esse tratamento em pessoas nos estágios finais de um diagnóstico de câncer que correm o risco de falecer, a menos que uma grande intervenção médica seja feita.


Os pesquisadores dizem que há até 50 pacientes que podem receber o procedimento todos os anos. A mulher em questão foi diagnosticada com HIV em 2013 e leucemia em 2017, tornando-a uma potencial candidata para o procedimento.


Ela recebeu o tratamento há quatro anos, e desde que seu câncer entrou em remissão, ela também interrompeu seu tratamento para o HIV no inverno passado.


Seu corpo reagiu bem ao tratamento, relatam os médicos, e ela rapidamente viu resultados positivos.


Apesar de abandonar o tratamento do HIV há mais de um ano, o vírus não ressurgiu nela. Varreduras repetidas feitas pelo hospital em seu organismo não mostraram células de HIV com potencial de replicação, o que é uma excelente notícia.


Para comprovar a cura, os médicos também extraíram células de seu corpo e tentaram infectá-las em um laboratório, mas falharam.


Se mais alguns anos se passarem e os médicos ainda não encontrarem nenhum vírus do HIV ativo em seu corpo e não infectarem suas células, eles enfim poderão declará-la, oficialmente, ‘curada’ do vírus.


“Estou animada que tenha dado tão certo para ela”, disse a Dra. Yvonne Bryson à emissora NBC.


A doutora acrescentou que o caso da paciente de Nova York acrescenta “mais esperança e mais opções para o futuro” do tratamento do HIV.


Fonte: O Globo

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