Paixão e persistência são as palavras que representam a trajetória de Luiz Honório de Oliveira, conhecido como Filisbino. Há pouco mais de seis décadas, ele comanda um programa radiofônico diário, em Itapetininga (SP).


Aos 82 anos de idade, o mais longevo radialista da região explicou que o amor pela profissão é o segredo para a vitalidade.


“O carinho daqueles que me estimam é o combustível. Mesmo depois de um AVC, sem a mesma agilidade, não me vejo longe do rádio. Tenho dito que nasci no rádio e vou morrer nele. Enquanto Deus me dar saúde, vou continuar fazendo o que mais amo”, contou Filisbino, que começou a carreira com um programa infantil após trabalhar em um circo.


Apesar do atual reconhecimento, Filisbino contou que nem sempre as pessoas acreditaram em seu potencial como repórter e apresentador. Aos 14 anos, quando pediu emprego ao dono de uma emissora local, ele recebeu críticas sobre a sua voz e aparência.


“Sempre fui insistente e não me abalei. Então, passei a trabalhar em um circo para me adaptar, foi quando participei de um programa infantil de rádio. Aos poucos, comecei a ajudar com os equipamentos e até com a transmissão de jogos, que eram feitas fio a fio, da rádio ao campo”, lembrou Fislisbino.


Segundo o radialista, mesmo prestando apoio ao dono de uma emissora de rádio, a primeira oportunidade de se apresentar ocorreu tempos mais tarde, no final da década de 50, quando os locutores promoveram uma greve.


Sem ninguém para apresentar uma partida de futebol importante na cidade, Filisbino tomou o microfone e fez a transmissão do jogo, um passo que mudou o rumo de sua história para sempre.


“Naquele dia, ganhei o coração do dono da rádio. Depois, não parei mais. Estava lindo. Viajava bastante. Só que eu não ganhava bem. Minha mãe falava para eu 'largar dessa porcaria'. Foi então que me ofereci para fazer um programa caipira, que mistura notícia, música, conversa e solidariedade", disse.


O programa citado é o mesmo em que Filisbino ainda trabalha como apresentador. Ao longo dos 63 anos de profissão, o radialista vivenciou diferentes momentos, entre eles, a ditadura militar.


“Foram tempos difíceis. Tínhamos que entregar o roteiro de quase um mês para os militares, que analisavam o que podia ou não entrar”, relatou.


Além da censura, o radialista testemunhou outros acontecimentos e contou que pretende continuar na profissão por longos anos.


“Tudo o que eu queria fazer, eu fiz. Conquistei muitas coisas e sou grato por isso. Me sinto feliz com as homenagens que recebo, como o Prêmio Enezita Barroso, mas o mais importante é o legado que deixo e o carinho das pessoas que amo", afirmou.


FONTE: G1

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