Os bancos voltaram a oferecer empréstimos consignados do INSS após o governo recuar e elevar o teto de juros. A linha de crédito havia sido suspensa pelas instituições financeiras depois que o limite das taxas foi reduzido para um 1,7% ao mês.

Aposentada pelo INSS, Conceição Soares fez um empréstimo há menos de um mês: "o juros tava 2,9%, mas foi o lugar mais baixo que eu encontrei. Baixaram e até fiquei chateada, fiquei triste, porque se tivesse esperado um pouco mais teria pegos juros menores, né?".

No dia 13 deste mês, o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) reduziu a taxa máxima de juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, de 2,17% para 1,7%, mas, o movimento incomodou as instituições financeiras que suspenderam os empréstimos. Um dos argumentos era que a nova taxa não cobria custos operacionais.

Depois de semanas de negociações internas no governo e externas com os bancos, nesta terça, foi definido um novo teto de juros, um meio-termo de 1.97%.

A Caixa Econômica Federal anunciou que vai retomar as concessões, quando a norma sair no Diário Oficial, com uma taxa média de 1,87% ao mês, abaixo do teto recomendado. O Banco do Brasil já voltou a fazer os empréstimos.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse que caberá a cada instituição financeira avaliar se compensa oferecer o consignado para os beneficiários do INSS nestas condições.

Para o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luis Oreiro, o novo teto ainda está alto. Os juros anuais podem atingir cerca de 23%, quase o dobro da Selic.

"A taxa Selic é taxa livre de risco, o empréstimo consignado em folha é livre de riscO. Podemos no máximo supor que há um risco de falecimento do beneficiário. Não há nenhuma razão econômica para que o juro que o governo paga sobre a sua dívida seja diferente do juro que os aposentados e pensionistas do INSS pagam sobre o consignado", diz o especialista.

Fonte: SBT News