Sempre que meteorologistas preveem geadas, cafeicultores quase entram em pânico. Mas, dessa vez, é um tanto diferente, analisam os especialistas. Haroldo Bonfá, diretor da Pharos Consultoria, avalia que "até agora as lavouras tiveram pouca chuva e temperatura elevada, que aceleram o amadurecimento do grão e anteciparam a colheita". Significa que o produto, provavelmente, não sofrerá com a baixa temperatura e nem aquela fina camada de gelo característica do fenômeno.
Porém, o mercado mundial de commodities é tão dinânico que reage antes mesmo de tal análise. A bolsa de Nova York, que precifica o produto, concluiu a semana passada valorizando o café em 8%. O contrato futuro de julho fechou em 219,90 centavos de dólar - ou US$ 2,19 - por libra-peso. A semana passada havia começado com a libra-peso valendo 203,80 centavos de dólar.
"Esse movimento afastou os preços das mínimas e atraiu a atenção dos vendedores. Porém, não se traduzindo em negócios no Brasil. O produtor prefere aguardar uma melhor definição em relação à passagem da massa de ar polar", conta Gil Barabach, consultor da Safras & Mercado. Os produtores rurais estariam aguardando uma valorização ainda maior para vender as sacas. Até porque a temporada de frio mal começou.
Comercialização dos grãos
A comercialização da safra brasileira 2022/23 alcançou 31% da produção até o dia 10 de maio, conforme última ataulização da Safras & Mercado. O fluxo de vendas está acima da média dos últimos anos para o período, de 24%.
Prepare-se, consumidor
Tão logo os cafeicultores comecem a vender suas produções por preços maiores, as indústrias processadoras vão repassar o custo para o atacado e o varejo. No fim, quem vai pagar essa conta é consumidor. O café já ficou 102% mais caro em dois anos, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Elevação influenciada pela longa estiagem do ano passado e também pela alta do dólar, já que boa parte da nossa produção é processada no exterior.
Fonte: SBT News